terça-feira, 12 de agosto de 2014

O QUE ESTAMOS COMPRANDO?


Chevrolet Agile: Visual moderno e plataforma antiga
Piscas embutidos nos retrovisores, rodas em liga leve aro 16”, friso cromado, algum desses itens pode nos enganar? 
Depende. Depende do quanto você está imerso no mundo automotivo.
Tudo isso pode ser simplesmente um item comum de um carro bem construído, mas também pode ser maquiagem de carro com estrutura ultrapassada.
No mercado atual existem alguns exemplos de veículos, concebidos sobre plataformas antigas, mas com um visual com detalhes atuais, sim, detalhes, pois uma análise um pouco mais minuciosa revela um senhor de 50 anos calçando All Star.
Para deixar bem claro do que estou falando, vou começar com um exemplo fácil, o Chevrolet Ágile. Ao olhar de longe, parece mais um hatch compacto premium, como um Fiat Punto ou um Ford New Fiesta. Mas pra quem está em constante contato com informações técnicas dos veículos, sabe que por baixo da bela carcaça (ou não), se esconde a plataforma do velho Corsa, sim, aquele lançado em 1994. Não só o Ágile ainda usa essa plataforma como também o Chevrolet Classic, que antes atendia pelo nome de Corsa Sedan (isso ainda é assunto pra outra postagem), o Celta, e a Montana, que compartilha também o projeto com o Ágile. O Classic é um carro nitidamente com visual ultrapassado mas não, o face lift que ele sofreu a poucos anos atrás não pode ser considerado uma tentativa de vender o velho como novo, pois a simples alteração dos faróis e da lanterna não esconde, nem um pouco a idade do veterano. Seria como um velhinho usando óculos escuros joviais contrastando com reflexivos cabelos brancos e suspensórios, ele não convenceria ninguém que ainda está no ensino médio.
A idéia inicial aqui é focar na atitude de algumas fabricantes de insistir em plataformas antigas para produzir algo “novo” com o baixíssimo custo de uma plataforma que já teve o retorno dos investimentos, ou ainda, em muitas ocasiões, aproveitar até mesmo o projeto antigo, trocando grade, farol e cor das lanternas.
Não condenem a Chevrolet, ao menos, não somente ela, pois todas fazem, ou já fizeram isso. A Volkswagen com o Gol da antiga geração, é um exemplo. O veículo vinha de várias reformulações de uma mesma plataforma, ou seja, o carro que foi lançado em meados de 1980, teve uma esticada na plataforma em 1994 e assim se manteve, com dois face lifts ao longo do tempo, convivendo com a nova geração, até esse ano, quando finalmente foi substituído pelo Volkswagen Up!.
A Fiat, por sua vez, manteve o Uno, em seus últimos anos chamado de Mille, desde 1984, quando foi lançado, até hoje, com um único face lift significativo, e outros retoques ao longo do tempo. Hoje a fabricante italiana já tirou o veterano de linha, mas mantém outro que já mostra o cansaço do projeto e da plataforma, o Palio Fire em vias de aposentadoria também e que mantém o visual da “terceira geração” do modelo, e que é o veículo mais barato da marca no atual portfólio.
Por último, destacando apenas as quatro maiores, a Ford vendeu até pouco tempo atrás o Ford Ka antigo, que usava a plataforma do antigo Fiesta. Isso mesmo, o Ká foi lançado com plataforma própria em 1997 e teve no final dos anos 2000, após um único face lift com a plataforma original, uma reformulação, mas que utilizou uma plataforma igualmente antiga.

Chevrolet Tracker: Plataforma moderna garante
 melhorias em segurança e ergonomia
Mas calma, parece que as montadoras sentiram um peso na consciência (ou não) e nos últimos anos começaram uma vasta reformulação em seus produtos. A própria Chevrolet lançou recentemente Onix, Prisma, S10, Spin, Sonic, Sonic Sedan, Cobalt e Tracker (ufa!)A Volkwagen finalmente trouxe de volta o queridinho do Brasil, o mítico Golf, além do Up!, que tem se mostrado adequado à proposta. A Fiat, sempre inovadora, prepara o lançamento do sistema Start and Stop para o Uno! Isso mesmo! O dispositivo para economia de combustível que você vê nos grandes importados, aplicado num popular brasileiro e a Ford acaba de tirar do forno o novo Ka, que traz uma gigantesca vantagem em relação ao modelo antigo. Todos utilizando novas plataformas e alinhados com o que as marcas vendem em outros mercados, obviamente, os mercados que compartilham conosco o perfil de mercado que elas enxergam em nós, ainda que isso tenha mudado bastante nos últimos tempos, ou seja,  apesar de ainda existir o tal mercado de país emergente, as marcas vem investindo em unificar a gama, a fim de baratear os custos de produção, trazendo benefícios para esses mercados, que tem produtos de melhor qualidade à sua disposição, mesmo que existam vários sentidos de mesmo produto para as marcas (caso March, fica pra uma próxima também), mas pelo menos, já estamos comprando algo melhor do que a 5 anos atrás.

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